Lagos da Sibéria: "bombas-relógio" que emitem gás de efeito estufa  
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Data de publicação: 07 de setembro de 2006

Contato: Marie Gilbert
marie.gilbert@uaf.edu907-474-7412
University of Alaska Fairbanks

Lagos da Sibéria: "bombas-relógio" que emitem gás de efeito estufa

FAIRBANKS, Alasca -- Bolhas congeladas de lagos da Sibéria estão liberando metano, um gás de efeito estufa, a taxas que aparentam ser "cinco vezes mais altas do que as estimativas anteriores". Com isso, há um círculo vicioso que piora cada vez mais o aquecimento do clima. É o que afirma Katey Walter, em um artigo publicado hoje na revista Nature.

O projeto de pesquisa de Water é o primeiro a quantificar tais bolhas de forma precisa. "Nós percebemos que as nossas estimativas anteriores não contemplavam um componente extremamente significativo e importante das emissões dos lagos - essas bolhas eram a maior fonte de emissão de metano dos lagos", disse Walter, uma pesquisadora de pós-doutorado do Instituto de Biologia Ártica da Universidade de Alaska Fairbanks e vinculada à iniciativa internacional Ano Polar Internacional.

De acordo com Walter, os cálculos da sua equipe aumentam entre 10 a 63 por cento a estimativa atual de emissões de metano realizadas pelas terras alagadiças do norte.

Walter estudou o yedoma, um tipo singular de permafrost da Sibéria, que contém quantidade estimada de 500 gigatoneladas de carbono, em sua maior parte sob a forma de matéria orgânica antiga morta. "Esse material foi aprisionado no permafrost deste o fim da última Era Glacial", explica Walter. "Agora ele está sendo liberado no fundo dos lagos, fornecendo um verdadeiro banquete aos microorganismos, que liberam grandes quantidades de metano como produto da decomposição."

"Modelos existentes para o permafrost prevêem um derretimento significativo do permafrost durante este século, o que significa que o permafrost yedoma é como uma "bomba-relógio" prestes a explodir. Na medida em que ele derrete, dezenas de milhões de toneladas de metano podem ser liberadas à atmosfera, aumentando dramaticamente o aquecimento global", alerta Walter. "E essa recém-descoberta fonte de metano ainda não está inclusa nos modelos atuais sobre o clima."

Utilizando sensoreamento remoto, tomadas aéreas de dados e medições anuais e contínuas, Walter e seus colegas desenvolveram um novo método de medir e localizar os pontos de liberação das bolhas e com isso conseguiram quantificar com sucesso a quantidade das emissões de metano de dois lagos em derretimento da região norte da Sibéria.

Eles esquadrinharam os lagos congelados, mapeando os locais e tipos de bolhas de metano aprisionadas no gelo. Em seguida, instalaram coletores sobre tais locais e sob a água, de forma que os pesquisadores puderam obter medidas diárias do volume de metano liberado pelas bolhas.

Walter irá continuar seu trabalho, dentro do projeto de pós-doutorado da UAF para o Ano Polar Internacional, cujo resultado final irá prover a primeira estimativa circumpolar de emissões de metano para os lagos árticos, reunindo pesquisas de campo baseadas em processos com análises de sensoreamento remoto.

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Contato:

Katey Walter, post-doctoral fellow, Institute of Arctic Biology, University of Alaska Fairbanks, 907.424.5800 x222, ftkmw1@uaf.edu

Marie Gilbert, public information officer, Institute of Arctic Biology, University of Alaska Fairbanks, 907.474.7412, marie.gilbert@uaf.edu